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Agressividade psicológica


Segundo a psicanálise, a agressividade é um impulso associado aos mecanismos de defesa ligados à auto preservação e/ou conservação da espécie, seja humana ou animal. Pode-se dizer que é um comportamento emocional e intrínseco de nossa natureza.


Nas sociedades modernas, sobretudo as ocidentais, agressivo é aquele que é competitivo e, portanto, desenvolve um comportamento apreciado e até esperado, já que será traduzido como coragem, ousadia, determinação, ambição etc.

Desde cedo, já na tenra infância manifestamos tais ações e impulsos, seja para chamar a atenção, se impor como componente do grupo, ou diante de uma recusa aos caprichos. Quando adultos a relação se dá nos conflitos, disputas ou sentimentos.

Animal ou humana a agressividade é uma característica natural dentro dos mecanismos de defesa e adaptação diante de perigos ou ameaças. Tanto a agressividade quanto o medo influenciarão nossas tomadas de decisões. É pela agressividade, portanto, que determinaremos até onde suportaremos violações em cada área de nossas vidas, quer no lar, em família ou no trabalho.

Quero chamar a atenção para três dentre as modalidades existentes de agressão: a hostil, a dissimulada e a aberta.

Na agressão hostil o elemento catalizador é a passionalidade e impulsividade. É na gratuidade e futilidade que se baseia suas ações. Visa causar dano ao outro independentemente de qualquer vantagem que se possa obter. Raiva é a expressão exata para designá-la. Nessa modalidade, por exemplo, o sujeito é capaz de forjar situações sobre o outro somente para descarregar seu ódio ou frustração; não se fala aqui de ganho algum.

 A Agressão dissimulada a furtividade, sutileza e o ardil são estarão dentro de uma estratégia global. O sarcasmo e o cinismo são formas de agressão que visam provocar o outro, feri-lo na sua auto-estima, gerando ansiedade. A motivação inconsciente é uma possível explicação para este tipo de agressão.

Agressão aberta pode se manifestar pela violência física ou psicológica, é explicita, isto é, concretiza-se, por exemplo, em espancamentos, ataques à auto-estima, humilhações.


Veja, por exemplo, a agressividade gerada por um sentimento de inveja. A agressividade pela inveja nasce da comparação entre as qualidades do outro e as próprias ou a falta dessas. Com isso surge a frustração e a sensação de inferioridade do invejoso que não se acha capaz de igualar ou superar aquele que se torna, então, seu oponente. Esta comparação pode ser de ordem subjetiva em relação as qualidades psicológicas, morais, sociais ou espirituais ou objetiva quando se trata de coisas materiais como casa, carro, roupa, dinheiro etc. Esta condição de inadequação cria um natural ressentimento em relação àquele que é comparado gerando hostilidades gratuitas.

Perceba, então, que esta característica humana (a agressividade) pode ser potencializada por mecanismos desajustados de inibição da consciência, em nosso centro de controle da moralidade, fazendo com que se torne um padrão crônico de conduta retroalimentativo criando um ciclo sem fim de ações que serão pautadas pela total falta de ética nas relações interpessoais.

É evidente que falo de um padrão comportamental reticente e não episódico- fruto de conflitos ocasionais decorrentes de naturais choques de convivência social. Pois, se a agressividade é de nossa natureza, é óbvio que em algum momento o conflito será deflagrado e repercutirá suas decorrentes consequências. E é exatamente nesse limiar que se diferencia um aspecto normal de outro perverso.

Uma coisa é eu bater boca com um colega ou mesmo chefe por uma pressão relacionada à prazos ou decorrente de uma implantação de um projeto, outra totalmente diferente será eu transformar isso numa cruzada pela destruição daquele que discordou de mim, seja o lado que for.


Uma questão que é alvo de discussões diárias onde trabalho é exatamente a confusão que se faz entre o poder de disciplinar outorgado ao superior hierárquico e o uso desta condição para subjugar o outro. Inúmeras vezes, senão uma esmagadora maioria, o chefe lança mão desse recurso para fins pessoais como forma de controle ou ajuste psicológico sobre o subordinado sem sequer passar perto da questão disciplinar que é a principal.

Vale ressaltar que o direito potestativo de uma empresa é legítimo, mas decorrente de um caráter pedagógico, isto é, para corrigir possíveis desvios de conduta nocivos aos deveres acordados quando da contratação. Não é mecanismo de controle pelo medo ou de subjugação de um homem sobre o outro. Agora, pense: se esta mesma empresa é comandada por agentes que utilizam de expedientes perversos para conduzi-la, fica claro que, por lá, tudo se desencadeará por este estilo de administração predatória.

Portanto, nas questões envolvendo a violência moral, sobretudo, nas empresas descobriu-se através de pesquisas de renomados especialistas que ela decorre de uma psicopatologia perversa manifestada pelos agressores que disseminam o psicoterror degradando o ambiente laboral e causando prejuízos enormes às organizações.

Decorre daí que estas mesmas organizações deveriam repensar seus modos de administrar seu capital humano, ainda mais diante de tanta instabilidade econômica mundial. 

Se produtividade é o que se busca, não é esmagando 
profissionais que isso será alcançado, pelo contrário, 
um trabalhador motivado 
gerará resultados esperados
ou até os sobrepujará. 

Raniery
raniery.monteiro@gmail.com
http://mentesalertas.tumblr.com/

Comentários

  1. Olá, você tem alguma matéria com uma perspectiva inversa:assédio por parte do funcionário ao chefe?
    Att,PatriciaH

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    Respostas
    1. O assédio moral não é só descendente- do chefe para o subordinado; mas ascendente, isto é, o lado inverso da moeda. Não é o mais comum pela óbvia desproporção de poder. É similar ao assédio sexual, onde o homem é a maioria do gênero agressor, entretanto há casos onde a mulher se utiliza deste ardil. Sobretudo, vale ressaltar, que o processo é o mesmo, incluindo o arrolamento de provas.

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